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sexta-feira, 17 de abril de 2015

Olimpíadas


Herdeiros de uma arte com fortes raízes populares e de uma técnica de produção de desenhos em xilogravuras — com a extraordinária escola criada por José Guadalupe Posada (1852-1913), e um estilo original de design gráfico com a Editora Era, fundada em 1960, o logotipo para os Jogos Olímpicos do México 1968, o único exemplo de alcance internacional no campo de design gráfico, foi desenvolvido por um norte-americano — Lance Wyman. O designer projetou o logo com formas geométricas reduzidas para simular movimento, um estilo de grafismo conhecido como op art ● O designer alemão Otl Aicher (1922-1991) foi professor, co-reitor e reitor da Escola de Ulm, que ajudou a fundar, entre 1954 e 1966. Apesar de Aicher ter trabalhado como designer de identidade corporativa, é mais conhecido pelo programa de identidade visual das Olimpíadas de Munique 1972. A equipe de Aicher criou uma linguagem que orientava os visitantes pela cor e um sistema de pictogramas que é conhecido e usado até hoje. A Alemanha foi o primeiro país a não usar cores nacionais em uma olimpíada ● O fotógrafo alemão Marc Ohrem-Leclef percorreu 13 comunidades da cidade do Rio de Janeiro afetadas pela remoção em função da Copa do Mundo 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016, megaeventos organizados por entidades de cunho privado, mas financiados por verbas públicas. Ohrem-Leclef faz um exame de cada comunidade na qual a política implementada pelo governo está trazendo mudanças, e, tendem para impor às suas obras a expulsão dos pobres das áreas valorizadas. No livro Olympic Favela, projeto iniciado em 2012, suas fotografias demonstram preocupação direta com os moradores das comunidades carentes, retratados na frente de suas casas marcadas com a sigla SMH (Secretaria Municipal de Habitação) nas ações de despejo forçado, e erguendo tochas de emergência, um gesto como símbolo de resistência e libertação. Ao compartilhar o livro com os moradores, o fotógrafo sensibilizou-se com as mensagens de boa sorte, e ainda, sobretudo, com o sentimento de otimismo. Olympic Favela foi selecionado como um dos melhores livros de 2014 pela revista American Photo, e foi destaque na ARTnews, Daily Mail, WDR, Der Spiegel, CBC, entre outras publicações internacionais  Por ocasião dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, o designer gráfico e tipógrafo inglês Jonathan Barnbrook criou uma série de pictogramas, fontes e cartazes. O projeto Olympukes 2012 é uma leitura alternativa e espirituosa, mas com base em uma cuidadosa pesquisa dos principais acontecimentos políticos, econômicos, sociais e culturais, e a polêmica em torno dos jogos olímpicos atuais: gastos excessivos com tecnologia e medidas de segurança, violação dos direitos humanos, favorecimento explícito, influência política e ganância inescrupulosa.
© Lance Wyman (logotipo dos Jogos Olímpicos do México 1968) / © Otl Aicher (cartaz Olimpíadas de Munique 1972. Alexandre Wollner e a formação do design moderno no Brasil: depoimento sobre o design visual brasileiro / Um projeto de André Stolarski, Cosac Naif, 2005) / Olympic Favela / Cortesia de © Marc Ohrem-Leclef (Editora Damiani, 2014. Link Marc Ohrem-Leclef) / © Jonathan Barnbrook, cartaz Olympukes 2012